terça-feira, 19 de junho de 2007

Trabalho?? Para quem??


Ir. Fabiana Mª D. Aranha,

Quando foi que seus pais começaram a trabalhar?
E você, começou a trabalhar com quantos anos?

A diferença das respostas que um único leitor hodierno venha a dar a estas duas simples, embora não ingênuas indagações, por si só já são bastante reveladoras. Questões que dizem respeito ao modo de viver das pessoas sofreram mudanças incontáveis no decorrer de 20 anos.

Alguns, pertencentes a uma geração de “velha guarda”, de certo se recordarão de haver iniciado suas atividades remuneradas em idades bastante temporãs. Quantos não tiveram sua infância tolhida em razão de “ajudar a família”? E haverá muitos que agradeçam por isso, uma vez que esse modo de trabalhar perpassa suas relações, sejam de trabalho, sejam pessoais e familiares.

Contudo, não é por este horizonte, ao nosso ver horizonte histórico, que queremos desenhar estas linhas. Sinta-se o leitor convidado a revestir-se de lentes, não as de grau, como costumamos usar nos óculos, nem a de “achismos”, mas dessas lentes da qual fazemos uso, que são a experiência de uma formação em Serviço Social e de uma Vida Consagrada. Queremos trazer à tona alguns aspectos que o Estatuto da Criança e do Adolescente, mais conhecido como ECA, pondera a respeito da questão TRABALHO, atendo-nos ao Capítulo V, artigos 60 a 69.

O ECA prescreve que nenhuma criança ou adolescente pode trabalhar antes dos 14 anos, exceto na condição de aprendiz (cf. art.60). Igualmente garante o direito de acesso ao ensino regular, além de vedar, em quaisquer condições, o trabalho noturno[1], insalubre, perigoso e penoso, realizado em locais prejudiciais à formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social da criança e/ou adolescente, em horários e locais que dificultem ou impeçam a freqüência à escola (cf. art. 63 e 67).

Assim sendo, segundo a letra da Lei, nosso olhar não pode permanecer indiferente ante incontáveis crianças e adolescentes, de ambos os sexos e distintas idades, que nos abordam nas esquinas e semáforos, seja limpando os vidros de nossos automóveis, fazendo malabarismos, vendendo guloseimas... Essas ações, embora entendidas como TRABALHO pelo senso comum, são na verdade, formas, muitas vezes sutis, de exploração.

Estamos de acordo com aqueles que venham a argumentar que o trabalho assalariado igualmente consiste em exploração da mão de obra. Sim. Mas as atividades acima descritas, realizadas por sujeitos que ainda não atingiram a maioridade, e muitas vezes sequer chegaram à adolescência, não só exploram sua mão de obra, mas tiram-lhes o direito de estudar, de brincar, de ser o que lhes corresponde nesse idade, impondo-lhes um fardo notadamente pesado a curto, médio e longo prazos.

Aqueles mesmos que à primeira indagação que abre estas poucas linhas, tenham se sentido contemplados por uma atividade de trabalho que começou muito cedo, às vezes por volta de seis ou sete anos, talvez se manifestem como fortes defensores do trabalho infantil, como forma de garantir a formação de “homens e mulheres de bem”. Para os que tiverem desperta esta inquietude, vale ressaltar que o ECA não desaprova que adolescentes realizem trabalho. Desde que na condição de aprendizes, implica, impreterivelmente, que o acesso à educação formal seja garantido, que a atividade realizada seja compatível com o desenvolvimento do adolescente e que haja um horário especial para a realização destas mesmas atividades. Por último, embora não menos importante, a condição de aprendiz deve garantir que haja um profissional daquela atividade que ensine e responda por aquela atividade e que esta, preferencialmente, capacite o adolescente à atividade regular remunerada (cf. art. 68 e 69).

Numa sociedade desigual como a nossa, onde as discrepâncias sociais são tantas, onde não há vida para todos, nem casa para todos, nem educação para todos, nem trabalho para todos, nem moradia para todos... ou seja, onde os direitos fundamentais são violados constantemente, nesta sociedade composta por muitos, inclusive por você, caro leitor e por mim, o que esperamos dessas crianças e adolescentes que se vêm lançados à exploração de sua força de trabalho com tão pouca idade, sem direitos básicos protegidos e assegurados?
Que esperamos?

Não reclamemos, portanto, dos frutos que colhemos... Ou se de fato esta situação nos incomoda, e almejamos uma sociedade mais justa e mais equânime, não lavemos nossas mãos ante esta situação. Mas sejamos valentes o suficiente para, desde o lugar em que ocupamos como cidadãos, podermos exigir e lutar por melhores condições de vida, que garantam que crianças possam ser crianças, que adolescentes possam ser não só o futuro de políticas públicas, mas seu foco no presente.

Eu aposto e sonho com esse mundo melhor! Estas linhas, são uma pequena contribuição ao debate que está posto. E você, o que pensa?


[1] Entende-se por trabalho noturno aquele realizado das vinte e duas horas de um dia às cinco horas do dia seguinte.



Ir. Fabiana Mª D. Aranha,
Religiosa de Maria Imaculada,
graduada emServiço Social pela PUCSP.
e-mail: fmdaranha@yahoo.com.br

Alguns pontos acerca do Trabalho Infantil

Nara Lucia Costa Gomes

Ser criança é sinônimo de brincar, estudar e aprender, concorda? O trabalho infantil é prejudicial para as crianças pois impede que elas aproveitem a infância, que freqüentem a escola, que se desenvolvam e tenham boa educação e, às vezes, causa sérios problemas físicos ou psicológicos que duram para o resto da vida. A Organização Internacional do Trabalho (OIT Brasil), é o órgão responsável pela justiça social, ou seja, pela garantia de direitos iguais pra todos. Desde a Segunda Guerra Mundial, a organização luta para combater o trabalho infantil. No entanto, ainda existem dois milhões e novecentos mil crianças e adolescentes, entre 5 e 15 anos, trabalhando no Mundo.

Para reduzir o trabalho infantil é preciso ter uma abordagem integrada que identifique as crianças que trabalham, sensibilize a sociedade sobre os danos morais, físicos e intelectuais do trabalho infantil, adapte as escolas para receber essas crianças, ofereça atividades culturais, esportivas, educativas e de lazer a elas e compense a redução da renda familiar.

O governo federal criou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI –, que visa erradicar o trabalho infantil por meio do financiamento de bolsas-escola, do desenvolvimento das jornadas ampliadas de atividades extra-escolares para crianças oriundas do trabalho infantil e de programas de capacitação e geração de renda para seus país. Em 15 anos, o Brasil conseguiu reduzir pela metade o número de crianças de 5 a 17 anos exploradas nas lavouras, carvoarias, nos lixões, na produção de sapatos. O PETI, criado em 1996, atende hoje 931 mil crianças, garantindo às famílias de baixa renda uma bolsa mensal para que mantenham suas crianças na escola. Municípios que participam do PETI precisam ainda oferecer atividades de cultura, esporte e reforço escolar às crianças do programa. É importante ainda combater formas de exploração do trabalho infantil especialmente difíceis de serem erradicadas ou de pouca visibilidade. Dentre essas formas, estão o trabalho infantil doméstico e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.

Na área da exploração sexual, a UNICEF apóia a realização de pesquisas e estudos que permitam entender a gravidade do problema e definir programas a serem implementados. No entanto, a responsabilidade principal da política, legislação, estratégias e ações orientadas para eliminar o trabalho infantil são de missão governamental. O trabalho infantil deve ser eliminado, em particular nas suas manifestações mais intoleráveis, por não ser consistente com a ética de uma sociedade democrática que objetiva a eqüidade e a igualdade de oportunidades para todos os seus cidadãos. O problema está associado, embora não seja restrito, à pobreza, à desigualdade e à exclusão social existentes no Brasil, mas outros fatores de natureza cultural, econômica e de organização social da produção respondem também pelo seu agravamento. Há, de forma diferenciada no país, uma cultura de valorização do trabalho que insere crianças na força de trabalho com o objetivo de retirá-las do ócio e da possível delinqüência. Por outro lado, existem fatores vinculados a formas tradicionais e familiares de organização econômica, em especial na pequena produção agrícola, que mobilizam o trabalho infantil. É importante que todas as nações estejam conscientes do desafio imposto, estabelecendo uma estreita cooperação com as instituições internacionais e as organizações não-governamentais, de forma que se erradique o trabalho infantil em todas as partes do mundo. Entretanto, antes que se chegue a uma era onde não mais exista esse tipo de trabalho, é necessário compartilhar experiências e fortalecer a vontade política de todas as nações, para que se plasme um mundo melhor onde a docilidade infantil não seja a base de uma exploração que comprometa, no ponto de partida, a realização de toda uma vida. O Brasil, neste particular, resgatou a capacidade de escolher o futuro e de sonhar. E o sonho é retirar as crianças da rua e do trabalho.

Nara Lucia Costa Gomes
Residência Maria Imaculada
e-mail: naralucia86@yahoo.com.br

Eu conheço.....

A historia de um herói brasileiro!


Paola Ma. Sánchez



De um herói de verdade, não daqueles falsos heróis, instantâneos,que a mídia quer fabricar!!!

Eis a historia:
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (Xapuri, 15 de dezembro de 1944 — Xapuri, 22 de dezembro de 1988). Seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro, lutou contra a extração madeireira e a expansão dos pastos na Amazônia.

Fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (1975) e de Xapuri (1976), Chico Mendes participa ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos. Em 1977, transforma a Câmara Municipal num grande foro de debates entre lideranças sindicais, populares e religiosas, sendo por isso acusado de subversão e submetido a duros interrogatórios. Em dezembro do mesmo ano, Chico é torturado secretamente. Sem ter apoio, não tem condições de denunciar o fato.

Fundador e dirigente do Partido dos Trabalhadores no Acre, Mendes participa dos comícios na região juntamente com Lula. Ainda em 1980, Chico Mendes é enquadrado na Lei de Segurança Nacional, a pedido dos fazendeiros da região que procuravam envolvê-lo com o assassinato de um capataz de fazenda.

Em outubro de 1985, lidera o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros. A partir de então, a luta dos seringueiros, sob a liderança de Chico Mendes, começa a ganhar repercussão nacional e internacional, principalmente com o surgimento da proposta de "União dos Povos da Floresta", que busca unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta amazônica, propondo ainda a criação de reservas extrativistas que preservam as áreas indígenas, a própria floresta, ao mesmo tempo em que garantem a reforma agrária desejada pelos seringueiros.

Em 1987, Chico Mendes recebe a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, Chico Mendes levou estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Trinta dias depois, os financiamentos aos projetos devastadores foram suspensos e Chico acusado por fazendeiros e políticos de prejudicar o "progresso" do Estado do Acre. Meses depois, Chico Mendes começou a receber vários prêmios e reconhecimentos, nacionais e internacionais, como uma das pessoas que mais se destacaram naquele ano em defesa da ecologia, como por exemplo o prêmio "Global 500", oferecido pela própria ONU.


Durante o ano de 1988, Chico Mendes, cada vez mais ameaçado e perseguido, continuou sua luta percorrendo várias regiões do Brasil, participando de seminários, palestras e congressos, com o objetivo de denunciar a ação predatória contra a floresta e as ações violentas dos fazendeiros da região contra os trabalhadores de Xapuri. Por outro lado, Chico participou da realização de um grande sonho: a implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. A partir daí, agravaram-se as ameaças de morte, como o próprio Chico chegou a denunciar várias vezes, ao mesmo tempo em que deixou claro para as autoridades policiais e governamentais que corria risco de vida e que necessitava de garantias, chegando inclusive a apontar os nomes de seus prováveis assassinos. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa. Chico era casado com Izamar Mendes e deixou dois filhos, Sandino e Elenira.

Anos depois, o Presidente Lula sancionou: "Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei 10.952/2004: Art. 1º. Será inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria", que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, líder seringueiro. Brasília, 22 de setembro de 2004, Luiz Inácio Lula da Silva".

Chico Mendes é um herói mesmo, não porque Lula sancione uma lei, não porque seja um ícone da luta sindical, não por ter ganho prêmios e reconhecimentos internacionais, também não é um herói por ter sidoi assassinado...nem por isso! Para mim, Chico Mendes é um herói porque teve o bom censo de não se conformar com aquilo que estava errado e teve a coragem de assumir uma causa que ia muito além de seu beneficio pessoal.

É um herói porque teve uma causa, teve uma luta e teve a disposição não só de morrer por essa causa... mas de viver para essa luta!

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Página_principal. Aceso em Maio de 2007

Musicas na homenagem do Chico Mendes:
http://www.youtube.com/watch?v=20YDYHNyZl4
http://www.youtube.com/watch?v=y_dTXf2_4cM

Paola Ma. Sánchez

Residência Maria Imaculada

e-mail: sanmart_11@hotmail.com

Mural Cultural

Ariane Castelo
arianecastelo@gmail.com

Em nome do meu idílio a essa terra farta de artistas, resolvi que esse mês essa coluna seria verde e amarela.

Comecei pela exposição Vibrações, em cartaz até 22/6 no Espaço Cultural Citi, entre pinturas e esculturas super coloridas do pernambucano Romero Britto, uma reprodução encantadora do Abapuru de Tarsila do Amaral.

Continuando o garimpo – e como eu não poderia deixar faltar – fui levada outra vez, depois de Ó Paí, Ó à Salvador no filme Esses Moços; na trama duas meninas de rua encontram um senhor desmemoriado e entram na vida dele como netas. Pode tratar de mostrar uma realidade mas o roteiro é fraco o que o torna cansativo.

Persistente, fui mais longe: Um povoado na mata pernambucana, lá se passa o drama onde a condição da mulher é o tema central no segundo longa de Claudio Assis, Baixio das Bestas. Saí estarrecida da sala e com a impressão de que essa realidade crua e nua é também única.

Ainda esse mês direto do 11º Festival cine PE ( terra boa!) onde ganhou prêmio de melhor filme estréia Cão sem Dono. Pelo visto promete fazer jus às cores dessa coluna.

Pra variar conheci um lugar chamado Espetaria Porto Paulista, fica na Dr. Arnaldo, encostado na Paulista, além de diversas opções de espetos diariamente, no cardápio tem também MPB ao vivo sextas e sábados. O atendimento é excelente e não é cobrado a mais por isso.

Tem verde, amarelo e é grátis: o programa Curta Petrobrás às 6: diariamente são exibidos no Espaço Unibanco curtas nacionais com entrada franca às 18h, esse mês tem Quem você mais deseja, Pobres-diabos no paraíso e Véio, entre outros.

Entre 1/6 e 15/7 acontece a 2ª Mostra Ágora de Teatro (ingresso R$10,00), entre as peças exibidas estão Um ou Dois Contos de Machado de Assis e Sonho de um Homem Ridículo de Dostoievsky.

Pra fechar, esse é o mês das festas Juninas, não precisa dançar quadrilha pra aproveitar o bom delas (os deliciosos pratos típicos, na minha opinião). A 86ª Edição da Festa de São Vito Mártir já está rolando aos sábados e domingos no bairro do Brás, e nos meses seguintes acontecem outras grandes como a de Nossa Senhora da Achiropita e a de San Gennaro, respectivamente na Bela Vista e Moóca.

Bom inverno a todos!
Ariane